segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A nota de Crepúsculo cai depois de assistir Lua Nova

http://pipocacombo.virgula.uol.com.br/wp-content/gallery/lua-nova/lua_nova_3.jpg
Há um ano atrás, estreiava nos cinemas americanos o primeiro filme da saga Crepúsculo. E, também há um ano atrás, eu cometia uma das maiores vergonhas da minha vida crítica: dar 6 para o filme. Hoje em dia, com um senso crítico mais afiado e um temor menor dos ‘fãs’ das saga, eu daria metade da nota, senão menos. Baseado, portanto, na nota que eu daria hoje ao primeiro, subo dois números ao analisar a continuação da ‘obra’, Lua Nova.

Contando a trajetória excessivamente sofrida da protagonista Bella Swan após ser deixada por Edward depois de um acidente que quase a mata, o longa se baseia principalmente em tecer a relação de amizade entre ela e o lobisomem Jacob. Ao mesmo tempo, somos apresentados a personagens que só serão realmente importantes nos próximos (sim, haverá outros) filmes, como os Volturi e o grupo de amigos ferozes de Jacob.

Possuindo uma primeira parte desnecessariamente estafante, que mostra, entre outras coisas, Bella gritando de dor (sim, dor) por ter perdido Edward, o filme só engrena mesmo quando a protagonista resolve investir na sua amizade por Jacob para superar a perda. A relação dos dois é bem trabalhada, chegando ao ponto em que nos perguntamos por que ela não fica com Jacob logo de uma vez. Entretanto, em meio as cenas envolvendo Jacob e os lobisomens, há as piores passagens do filme: os infinitos e-mails que a protagonista manda para a irmã de Edward, Alice. O recurso, que soa interessante à primeira vista, torna-se maçante já na segunda e se repete inúmeras vezes ao longo da projeção.

Os efeitos são a parte que mais chamam a atenção em uma análise comparativa ao anterior. Enquanto o primeiro possuía cenas vergonhosas, esta continuação possui efeitos bons. Nada avassalador e inovador, mas bons. Ainda, as lutas entre os lobos, no meio do filme, e entre os vampiros, ao fim, são infinitamente melhores que a luta final do anterior (o que, convenhamos, não há lá algo sobre o qual se gabar), embora a primeira seja uma espécie de regravação da luta dos ursos polares em A Bússola de Ouro (do mesmo diretor).

Partindo da visão de mundo de uma adolescente psiquiatricamente perturbada (desculpem-me, mas alguém que passa três meses sem fazer da vida e tem pesadelos todas as noites acordando com berros histéricos por ter perdido um homem não é uma pessoa psicologicamente equilibrada), o longa peca também por construir um protagonista insosso. Enquanto Edward surgia no primeiro como o homem dos sonhos de qualquer menina, os olhares tortos e sem expressão de Robert Pattinson ligados a falas antipáticas e sem carisma tornam o vampiro em alguém completamente desinteressante. Por último, o jeito amoroso de Jacob e sua transformação repentina ao longo da história fazem dele o personagem menos plano do filme (menos plano e não mais complexo, vale frisar).

Melhor que primeiro? Sim, poucos diretores conseguiriam a proeza de fazer de Lua Nova algo pior. Bom? Não, justamente por duvidar da inteligência do público não-fã, querendo enfiar goela abaixo uma história que excede na inverossimilhança, mesmo que com bons efeitos. Esperemos ano que vem, portanto, pelo o penúltimo (ufa!) filme da franquia.

Nenhum comentário: